Antes de contar qualquer coisa sobre mim, vou começar fazendo uma confissão:
Minha formação como leitora começou com livros de banca de jornal 😲
Durante muito tempo, tive vergonha disso. Mas a verdade é que li muito Sabrina, Júlia e Bianca #prontofalei
Para quem não sabe o que é isso, uma explicação rápida: eram coleções de brochuras fininhas, impressas em papel de jornal, vendidas por preço bem baixo em bancas. As histórias eram sempre de amor e bem clichê. E a maioria das mulheres lia escondido.
Para vocês terem uma ideia de como as pessoas viam essas obras, eu me lembro que, em uma briga com a minha irmã, ela disse: “vou contar para todo mundo que você lê esses livros!”, e eu implorei para ela não fazer aquilo 😱
Também li muitos romances de época. Principalmente quando comecei a ler em inglês porque os pegava na biblioteca da Cultura Inglesa e os devorava! Era um por semana: livros de Vikings, Highlanders, piratas, guerreiros. Depois vieram os da realeza com duques, condes e marqueses. E quando eu já tinha lido todos do acervo, comecei a pegar os meus favoritos para ler de novo.
Talvez vocês estejam se perguntando, mas por que diabos ela lia isso? 🤔
Eu lia porque gostava e lia porque era o que tinha disponível na época.
Sou de Petrópolis e, na minha adolescência, só havia uma livraria na cidade. Uma portinha no fundo de uma galeria, na qual eu passava horas e horas sonhando em poder comprar vários livros.
Uma outra fonte de leitura foi por meio do “Círculo do Livro”, que minha tia assinava. Foi aí que conheci Agatha Christie e virei fã.
Na minha peregrinação como leitora, passei a prestar atenção à casa das pessoas, sempre que via um livro, logo pedia emprestado. Eu me lembro do primeiro livro que li do Sidney Sheldon: Se houver amanhã, e de como fiquei vidrada. Li a maioria dos livros dele que foram lançados no Brasil.
Depois, já com uns 16 anos, vieram Judith Krantz, Danielle Steel, Nora Roberts, Isabel Allende.
Lógico que eu também lia outras coisas consideradas “certas” e “aceitáveis”, Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado, Pedro Bandeira, e curtia muito também. A verdade é que sempre amei ler e lia o que chegasse às minhas mãos. Eu preferia ler a fazer qualquer outra coisa.
Comecei a escrever.
Escrevia poemas, histórias curtas, comecei um romance (que não terminei), e escrevi 4 peças de teatro, as quais foram devidamente produzidas e encenadas na escola e na Cultura Inglesa.
Meus amigos me achavam intelectual.
Por isso, escolhi a faculdade de Letras e foi quando descobri que de intelectual, eu não tinha nada, porque o tipo de literatura que eu lia era considerada “errada”, de péssima qualidade e que era motivo de vergonha, mas não pelos motivos que eu sentia antes.
Foi na faculdade que descobri que dividiam a literatura em clássicos (a “certa” e em literatura de consumo (a “errada”). E eu me sentia culpada por preferir a “errada”.
Foi também na faculdade que parei de escrever ☹
Porque eu escrevia o tipo “errado” de literatura 😭
Então, mergulhei fundo na tradução e comecei a trabalhar primeiro com textos científicos de medicina, depois com textos de informática e computação, virei editora de livros científicos, técnicos e profissionais de uma editora multinacional, até que, por fim, consegui a minha chance de começar a fazer tradução literária dos livros considerados “errados” que tanto amo.
O primeiro livro que traduzi foi Os ladrões do paraíso, de Richard Doetsch, em 2006 para a Editora Record.
Depois disso, só parei de traduzir de 2009 a 2014, quando fui editora executiva de projetos especiais de medicina em uma grande casa editorial brasileira.
Se você chegou até aqui sem me julgar pela minha trajetória de leitora, merece uma devida apresentação:
Sou tradutora e editora já com 25 anos de mercado editorial. Já traduzi mais de 120 livros, entre os quais, romances da Meg Cabot, Sophie Kinsella, Colleen Hoover, Sabrina Jeffreys, Lucy Dillon.
Nessa longa jornada pelo mercado editorial brasileiro, aprendi muitas coisas, não só sobre livros e leitura, mas também sobre mim.
Descobri que não existe tipo certo e errado de literatura. Aliás, uma coisa que me irrita profundamente é preconceito literário.
Deixem cada um ler o que curte, o que gosta, o que dá prazer.
Amo ler, amo traduzir e amo escrever.
Então, gente, é esse tipo de conteúdo que vocês vão ver por aqui. Tudo junto, tudo misturado e meio caótico, porque a vida é assim, né? Um sopão das coisas que amamos, que nos movem e nos fazem felizes.
Se você gosta desse tipo de conteúdo, aprochegue-se e me acompanhe por aqui.
Ainda preciso ler um livro traduzido por você.
Eu desconfio que a minha mãe tirou a ideia do meu nome (Susane) de algum desses livros de banca de jornal. Acho super legal essa literatura mais assessível, uma pena que editar livros no Brasil ainda seja caro, mas eu tenho fé.