#2 A 2 passos dos 50!
Quem me segue no Instagram ou Facebook sabe que acabei de fazer 48 anos.
Tô aceitando parabéns ainda 😎
Desde pequena, todo mundo sempre achou que pareço mais nova do que sou. Inclusive sempre acharam que pareço mais nova que minha linda gêmea.
E durante muito tempo eu considerava isso um elogio.
Alerta de spoiler!
Não é!!!
Na verdade, eu só pareço mais nova do que uma ideia equivocada que a sociedade tem de como uma mulher de quase 50 anos deve ser, de como deve se vestir, de como deve comportar. E, de fato, eu não tenho nada a ver com essa mulher abstrata do imaginário coletivo.
Quanto mais velha fico, mais percebo que a idade é só um número, que não deve nos definir. A maravilhosa Glória Maria entendeu isso cedo ainda. Escondia a idade não por vergonha, mas para ser livre desses rótulos, julgamentos e condenações. Glória começou a falar de “etarismo” ou “ageismo” muito antes de esses termos serem cunhados.

Lembro que, quando eu tinha vinte e poucos anos, eu queria muito parecer mais velha para ser levada a sério na profissão, para ser respeitada e promovida. Passei a me vestir com roupas mais sóbrias e usar uns saltos imensos. Eu era respeitada e fui promovida, mas não por me vestir como uma mulher mais velha e muito menos por me vestir para o “cargo que eu desejava”.
Uma pausa para um “causo” da vida real
Aconteceu uma coisa peculiar quando eu tinha uns 35 ou 36 anos. Eu tinha acabado de editar um livro sobre procedimentos de cosmiatria, e a autora gentilmente me convidou para ser a modelo de Botox. Perguntei o que era isso, e ela explicou:
“Vou usar o seu rosto para ensinar aos alunos de dermatologia a aplicar Botox.”
Quando recusei, ela ainda insistiu:
“Menina, você não vai pagar nada! Vou colocar um carro na sua cara.”
Algumas coisas me chocaram nesse episódio.
Em momento algum, dei a entender que eu tinha vontade de fazer um procedimento estético.
Em momento algum, pedi a opinião dela sobre o meu rosto ou pedi uma consulta.
Olhando-me no espelho, eu ainda não via marcas profundas de expressão, e as que, por ventura, eu tivesse na época não me incomodavam.
A insistência da médica quando recusei o convite.
Foi uma situação tão constrangedora com uma autora importante, que, na época, senti a necessidade de explicar para o meu chefe em tom de brincadeira:
“Amo meus autores e faço tudo por eles, mas injeção na testa não rola.”
E aqui, vou deixar registrado que não pretendo usar Botox, nem fazer nenhum procedimento invasivo por motivos estéticos, porque isso envolve muitos riscos, riscos que sequer são mencionados pelos médicos, que sempre passam a ideia de que é um procedimentinho, uma lipinho, um siliconezinho, tudo simplérrimo. (Escrevi um texto sobre isso em 2006)
Falando especificamente do Botox, você sabia que o uso dessa toxina pode reduzir a capacidade de uma pessoa sentir e atrair empatia? Isso acontece porque, com os músculos congelados, fica impossível produzir/reproduzir as microexpressões involuntárias que nos ajudam a interpretar as emoções do outro.
Isso sem falar em complicações que podem surgir da má aplicação ou efeitos adversos pouco divulgados. Existe um grupo de apoio e disseminação de informação no Facebook com quase trinta mil membros que aborda um raro efeito adverso chamado envenenamento por botulismo iatrogênico. O conteúdo é inglês e o grupo é fechado.
Voltando ao etarismo…
Como eu disse, durante muito tempo, eu quis parecer mais velha, por isso, fico tão surpresa quando vejo garotas de vinte e poucos anos em pânico porque estão se aproximando dos 30 anos (!) e apavoradas com a ideia de que estão chegando à velhice (!!!). Todas correndo para fazer o chamado Botox preventivo, preenchimentos e laser e mais um monte de procedimentos estéticos em uma corrida contra o tempo. Mas como Cazuza cantava:
Uma amiga querida de trinta e poucos perguntou qual era o meu segredo para parecer ter a mesma idade que ela. E eu fiquei com cara de “oi, do que vc está falando?” Primeiro porque não pareço ter a idade dela e segundo porque não sei responder.
A verdade é que nunca fiz nada. Não costumo usar maquiagem, não uso cremes (sou daquelas que acha que basta comprar 😂), nunca fiz procedimento estético (aparelho conta?) e a única coisa que faço é pintar o cabelo porque, desde os 23 fui agraciada com uma mecha branquinha à lá Cruela.
Mas o fato é que não existe segredo nenhum. Eu só pareço jovem porque uma pessoa de 48 anos é jovem.
A expectativa de vida das brasileiras é de 77 anos, e eu espero viver até os 90 ou mais. Então, posso dizer que estou praticamente na metade da vida.
O que busco hoje em dia é saúde para que eu possa envelhecer com vitalidade e energia para ter uma vida independente quando eu tiver uma idade mais avançada. Procuro ter uma alimentação equilibrada, faço yoga três vezes por semana e durmo muito bem. Ainda preciso melhorar a rotina de exercícios para incluir aeróbico e musculação.
Recado para quem tem medo da velhice: a alternativa é pior.
Sou quase cinquentona, casada com um cinquentão e digo que tanto eu quanto ele ainda estamos transbordando de energia.
Tenho muitos sonhos para sonhar, muitos planos para colocar em prática, muitas ideias para executar, muitas histórias para contar e muitas modas para inventar.
E não sou só eu! Vejo muitos amigos e colegas da minha geração ou mais velhos buscando coisas novas, seja mudando totalmente de profissão ou fazendo um novo curso ou simplesmente adotando um novo hobby.
E vamos que vamos! Sempre em movimento e sem medo do bicho papão da idade, porque a idade é só um número.
Espero que tenham gostado de ler, tanto quanto eu gostei de escrever. E se gostaram, eu adoraria que deixassem um comentário.
E podem aproveitar para compartilhar com amigos, amigas e amigues que você acha que podem curtir esse tipo de conteúdo. Isso me ajuda muito :)
Ainda tem mais…
Antes de terminar, quero deixar aqui algumas dicas de livros escritos por mulheres sobre mulheres que passaram por mudanças profundas depois dos trinta, do quarenta ou cinquenta, por opção ou por motivos de força maior.
Primeiro dois antiguinhos (dá para encontrar em sebos).
A vingança da mulher de meia idade, de Elizabeth Buchan (o nome da tradutora não está no cadastro da Amazon, nem do Skoob, e o meu exemplar já se foi, emprestado não sem para quem).
Os homens com quem não me casei, de Janice Kaplan e Lynn Schnurnberger, tradução de Fabiana Colasanti.
Agora um menos antigo:
Comer, rezar e amar, de Elizabetth Gilbert, tradução de Fernanda Abreu.
Por fim, um mais recente:
Dias de abandono, de Elena Ferrante, tradução de Francesca Cricelli.
O que vem por aí…
Na próxima quinta-feira, vou contar sobre as minhas últimas modas. Então, se você ainda não é inscrito, vou deixar o botãozinho aqui para facilitar.
Muito obrigada por estar me acompanhando 😀
Beijo grande e até a próxima! 😘
Muito bom. Invejo a disposição para os exercícios físicos e o gosto pela yoga. Se eu tivesse essa prática desde jovem, hoje minha coluna seria outra. Você está certíssima.
Maravilhoso, Nat! Um assunto necessário, que foi tratado de forma leve e envolvente! Adorei!